Um gostinho do Brasil em Bangalore

Entrar em um novo restaurante que está situado exatamente no mesmo local de um restaurante antigo e muito amado que agora deixou de existir é uma sensação estranha, quase desorientadora. Onde antes havia pôsteres indianos hilariantes e kitsch, agora há gravuras de arte de bom gosto da América do Sul; onde costumava haver uma mesa pesada e escura em que muitas vezes nos sentávamos, agora há um bar bem iluminado; os interiores pouco iluminados deram lugar a uma luz suave, e o teto se abriu, apoiado por graciosos arcos art déco.

Há plantas em todos os lugares. A varanda estreita do lado de fora se foi.

O que antes era The Permit Room – um bar particularmente popular entre um certo subconjunto de bengalis que adoravam sua cerveja com iguarias locais hipster como folhados de ovo e chamuças haleem – agora é o Boteco, o primeiro restaurante brasileiro autêntico da cidade. A transformação é surpreendente. “Lamento que seu lugar favorito tenha fechado – você deve ter tantas lembranças! Mas espero que você crie muitas novas memórias no Boteco”, diz Guto Souza, chef-sócio do Boteco, me recebendo e respondendo graciosamente às minhas lamentações pelo fechamento do antigo restaurante que substituiu.

O Boteco parece o tipo de lugar quase feito sob medida para fazer memórias. No brasil, ‘botecos‘ são bares tradicionais de bairro; o termo português significa um lugar para ótimas bebidas e conversa fácil. Com seus interiores alegres e alegres e uma atmosfera casual e descontraída, o Boteco oferece um extenso menu de pratos originais brasileiros e reimaginados e uma série de coquetéis divertidos. Junto com Souza, o Boteco-Restaurante Brasileiro (para dar o nome completo) é uma criação do engenheiro que virou restaurante Praveesh Govindan, que se apaixonou pelo Brasil e sua culinária enquanto viajava a trabalho para o país. Conhecer Guto Souza o inspirou a abrir um restaurante brasileiro na Índia, e o primeiro outlet abriu portas em Pune em 2016 e continua sendo um ponto de encontro popular para os gourmets da cidade.

Se você pensou que um restaurante brasileiro é, por padrão, uma churrascaria – um local de jantar casual que serve um menu extremamente pesado de salsichas grelhadas e carnes assadas – pense novamente. O cardápio do Boteco é bem mais requintado e variado, e há várias opções vegetarianas, inclusive; experimente lanches rápidos como Coxinhas, uma comida de rua popular de frango frito levemente temperado; o imensamente popular Pão de Queijo, pãezinhos divinos feitos de farinha de tapioca e queijo (o que os torna naturalmente sem glúten); Bolinho De Aipim, Croquetes de Mandioca Frita e Queijo; Feijão Amigo, uma espessa sopa tradicional feita com feijão, aroma de salsa, alho, louro e natas frescas; Linguiça com Mandioca, enchidos de porco temperados com mandioca frita; e Casquinha De Siri, um fantástico prato de caranguejo onde a carne de caranguejo é salteada com leite de coco, azeite de dendê, tomate e páprica e coberta com queijo. E há uma seção de churrascaria, é claro – com todas as salsichas e assados ​​feitos na casa e servidos direto da grelha.

O Mega Prato de Carnes no Boteco
(Vinayak Grover)


“Na verdade, o número de vegetarianos por opção também está aumentando no Brasil”, diz Souza, chamado de ‘Chef Guto’ por todos que o conhecem. “Toda cozinha tem que evoluir, e a comida brasileira é absolutamente única nesse sentido”, acrescenta, referindo-se ao fato de a comida do país ser uma interessante mistura de influências de todo o mundo – indígenas, portuguesas, italianas, árabes e até japonesas , graças ao grande número de japoneses étnicos que chamam o Brasil de lar.

Pratos vegetarianos exclusivos, incluindo o Pão de Queijo (extrema esquerda)

Pratos vegetarianos exclusivos, incluindo o Pão de Queijo (extrema esquerda)
(Vinayak Grover)

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“Existem alguns sabores comuns, mas não se pode dizer que existe uma única culinária brasileira”, diz Souza. A comida do Boteco, então, é sua interpretação das cozinhas tradicionais do Brasil – em camadas com suas próprias experiências como chef e dono de restaurante em vários países – ele dirigiu cozinhas e administra restaurantes no Brasil, bem como La Cacerola em Amsterdã, Tante Kiki em Bruges e Fusion and Go with the Flow em Goa antes de iniciar o Boteco em Pune e depois levá-lo para Mumbai, embora a saída de Mumbai tenha sido temporariamente fechada após a pandemia. A marca também administra o Boteco Pantry, uma loja online de alguns dos condimentos, molhos e carnes marinadas mais populares do Boteco.

Estar dentro e fora da Índia por quase 20 anos também contribuiu para a riqueza de sua culinária, diz Souza, que morou em Goa por vários anos e fez amizade com o falecido artista Mario Miranda e sua esposa Habiba. Na verdade, Habiba o ensinou a cozinhar comida indiana. “Faço um biriyani matador”, diz Souza, rindo.

O sonho dele para o Boteco é que ele se torne o tipo de lugar que você sempre volta – pela comida e pela conversa. “Agora que as pessoas estão por aí e experimentando mais, espero que os piores dias da pandemia tenham ficado para trás. Acho que todos nós precisamos ver mais pessoas – estivemos tão tristes nos últimos dois anos e quero fazê-los felizes com comida”, diz Souza. “Eu sofro se alguém come minha comida e não gosta. É a coisa mais triste para mim.”

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