BRASÍLIA, 24 Jan (Reuters) – O escurecimento de um dos maiores rios de águas claras do Brasil, o Tapajós, é quase certamente devido à lama e sentimentos agitados pelo aumento da mineração ilegal de ouro, disseram promotores federais e ativistas ambientais nesta segunda-feira.
Outrora chamado de “Rio Azul” por causa de sua condição intocada e águas claras, o Tapajós atraiu uma corrida de garimpeiros desde 2019, à medida que os preços mundiais dispararam e a fiscalização ambiental vacilou sob o governo de extrema direita do Brasil.
Os garimpeiros ilegais usam pás mecânicas para derrubar árvores e cavar poços, além de dragar barcaças que aspiram leitos de rios, sugando lama e água enquanto procuram ouro.
A água cor de chocolate pode ser vista por centenas de quilômetros em fotografias aéreas, fluindo de afluentes e descendo o Tapajós até sua confluência com o rio Amazonas.
O lodo na água manteve os banhistas longe dos bancos de areia branca de Alter do Chão, um resort popular no baixo Tapajós, um afluente que flui 2.100 km até o Amazonas.
O promotor Gustavo Alcântara disse que seu gabinete estimou que sete milhões de toneladas de sedimentos são despejados no Tapajós a cada ano pelos garimpeiros ilegais. Ele pediu aos órgãos ambientais federais e estaduais que investiguem como a mineração de ouro está poluindo o rio.
Dados de satélite mostram que a crescente mudança de cor do rio Tapajós coincide com o rápido aumento da atividade de mineração de ouro na região, segundo a MapBiomas, uma organização não governamental que acompanha o uso da terra e o desmatamento no Brasil.
“É razoável supor que a mineração ilegal tenha sido uma das principais causas das águas turvas, porque tudo é feito em afluentes do rio e os sedimentos deságuam no Tapajós”, disse o geógrafo do MapBiomas, Cesar Diniz.
“É um fato: a mineração contribuiu para a lama do Tapajós nos últimos anos”, disse.
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Reportagem de Anthony Boadle; Edição por Aurora Ellis
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