Agora sabemos que, nas categorias de pesos pesados e com poucas exceções, Brasil e Cuba lideram. Assim, os altos, fortes e pesados chegaram ao Pan-Americano e à Oceania para fazer barulho e, aliás, colocar algumas medalhas no bolso. O Brasil era voraz quando se tratava de morder ouro.
Para começar, um gibão, algo como uma declaração de intenções do tipo: estamos aqui, senhoras e senhores, e não nos movemos.
Com -81kg, Guilherme Schmidt e Vinicius Panini encenaram um duelo fratricida. Guilherme queria que o tatame fosse como a cozinha de sua casa, seu território, onde ele governa. Vinicius queria adicionar mais um à sua coleção de cartões. Schmidt ganhou, primeiro ouro e primeira prata do dia para o Brasil e ainda era cedo.
Vale destacar as duas medalhas de bronze obtidas pelo Canadá, pelas mãos de Etienne Briand e François Gauthier.
Elvismar Rodríguez foi o raio de luz da resistência. Não havia como tirar os brasileiros do pódio até que, com -70kg, o venezuelano decidiu algo assim: tudo bem, não vai acabar assim!
Rodríguez conquistou o ouro, derrotando a brasileira Luana Carvalho, deixando o bronze para a australiana Aoife Coughlan e a incombustível brasileira Maria Portela.
Assim, o Brasil já somou um trio com ouro, prata e bronze. Por sua vez, Cuba aqueceu seus motores.
Chegou a categoria -90kg, peso em que Cuba conta com Iván Silva Morales, recente vencedor do Grand Slam de Antália, vice-campeão mundial, ou seja, não é um iniciante que apenas descobre o sabor do alto nível. Silva Morales foi o encarregado de parar os pés do Brasil. Na final venceu Marcelo Gomes, enquanto o dominicano Robert Florentino e o americano John Jayne reservaram os bronzes.
A vingança brasileira não tardou. Mayra Aguiar está na elite do judô há uma eternidade. Em Lima ela não queria perder a oportunidade de ganhar mais uma medalha de ouro, somando-se às outras quarenta e quatro medalhas internacionais que enchem sua sala, incluindo dois ouros mundiais e três bronzes olímpicos.
Aguiar venceu a venezuelana Karen León. A Venezuela resistiu, assim como a Nova Zelândia e a República Dominicana, graças a Moira De Villiers e Eiraima Silvestre, bronzes nesta categoria -78kg.
Ficaram os super pesados, aqueles que ocupam mais espaço. Como poderia ser de outra forma, com base no que vimos durante o dia, a final opôs um brasileiro contra um cubano.
Primeiro, as medalhas de bronze, para que possamos terminar com o ouro. O chileno Francisco Solís e o americano Christian Konoval fizeram uma grande partida, mas para chegar à final deveriam ter elevado consideravelmente o nível de seu judô, até porque Rafael Silva e Andy Granda estavam na frente deles. Silva é como seu compatriota Aguiar; ele tem experiência e sabe ganhar medalhas. O Granda cubano não tem, nem remotamente, o recorde de Silva, mas em 2022 parece ter atingido a maturidade plena, como demonstrou com o bronze em Antalya. Na verdade, ele chegou a Lima em melhor forma que Silva e levou o ouro, o Brasil completando um dia de tipo japonês. Venezuela, Estados Unidos, Austrália, Canadá, Nova Zelândia e República Dominicana, foram os escudeiros e os demais verificaram o caminho que ainda precisam percorrer para estar entre os primeiros.
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