Brasil: PT de Lula em apuros com fechamento de Bolsonaro
O Partido dos Trabalhadores (PT) do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está enfrentando problemas financeiros antes das eleições deste ano, já que o presidente Jair Bolsonaro continua se aproximando da maioria das pesquisas.
Na semana passada, o PT voltou atrás na contratação de uma empresa de publicidade escolhida pelo ex-ministro das Comunicações de Lula, Franklin Martins, que vinha cuidando das relações públicas da pré-campanha, alegando problemas “administrativos e financeiros”.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, já pressionou por uma reformulação no manuseio das ferramentas de relações públicas, onde Bolsonaro fez a diferença em 2018. Além disso, as mensagens de Lula veiculadas em vídeos nas redes sociais foram criticadas no meio petista por falta de “emoção” e uma limitação a questões anteriores.
“Estamos discutindo a estrutura de comunicação, do partido e da campanha. Tomaremos as medidas que julgarmos necessárias, mas não é um problema relevante”, afirmou Hoffmann.
De acordo com um estudo da consultoria IDEIA divulgado nesta sexta-feira, a vantagem potencial de Lula sobre Bolsonaro no segundo turno está no nível mais baixo desde junho do ano passado. Outra pesquisa publicada em março mostrou que a vantagem caiu de 13% para 9%.
“É muito desconfortável perceber que nossa derrota nas eleições deste ano está se cristalizando”, disse o advogado Antonio de Almeida Castro, do grupo Petista (PTs) Prerrogativas.
Segundo André César, cientista político e analista da consultoria Hold, o PT está levando um “choque de realidade”, já que “a cada semana que passa, Bolsonaro está comendo um pouco da liderança de Lula. A ideia que algumas pessoas tinham de que ele poderia vencer mesmo no primeiro turno virou pó”, disse Cesar.
Analistas concordam que uma melhora significativa na crise da COVID-19 tirou Bolsonaro dos holofotes, além das apostilas do Auxílio Emergencial promulgadas em 2022, que também está capitalizando a pulverização da “terceira via” que o ex-juiz e ministro da Justiça Sergio Moro tinha corporificada.
A crise na comitiva de Lula também segue uma série de declarações polêmicas do ex-presidente sobre questões como aborto, reforma trabalhista e uma incitação a militantes petistas a irem à casa dos parlamentares para pressionar o tratamento de determinados projetos no Congresso.
“Muitos só agora estão se convencendo de que a ideia de que a eleição já está ganha é um disparate. Vai ser o mais difícil desde a redemocratização”, disse um integrante da equipe de Lula citado pelo jornal Buenos Aires. A nação. A identidade da fonte não foi totalmente divulgada; só que era um veterano de eleições passadas.
Segundo a mesma fonte, há também uma certa impaciência dentro do comando de campanha para que Lula comece a “andar pelas ruas” e se reunir com brasileiros fora de seu “nicho” de apoio, algo que ele evitou nas últimas atividades. “Bolsonaro já está fazendo isso, não podemos ficar para trás ou apenas nos limitar a reuniões com sindicalistas ou indígenas.”
Enquanto o líder petista permanece em sua zona de conforto, a pressão para sair em busca de votos aumenta. “Até agora, Lula só dizia ‘eu sou Lula’, ciente de seu carisma e da memória de seu governo. Mas está chegando a hora dele sair e buscar outros votos”, disse Cesar.
“Se a trajetória que estamos vendo continuar, com Lula batendo no teto e Bolsonaro subindo aos poucos, a liderança do PT precisará mais do que nunca chegar a um entendimento amplo. Caso contrário, quando a diferença for de 5 pontos, pode explodir uma crise ainda maior”, acrescentou o analista.
(Fonte: La Nación)
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