Tipicamente, o primeiro passo para fazer uma vacina inativada é cultivar o vírus nas células. No caso da Covaxin, Bharat Biotech usou células Vero, que vem do rim do macaco verde africano. A próxima etapa é filtrar o líquido e separar o vírus dos restos celulares. Depois disso, os fabricantes usam calor ou um produto químico para inativar o vírus. A Bharat Biotech usa uma substância química chamada beta-propiolactona, que confunde o genoma viral de forma que o vírus não pode mais se replicar. Algumas etapas depois, a vacina é preparada combinando o vírus inativado com um adjuvante (uma substância química que aumenta a resposta imunológica do corpo) e excipientes (substâncias químicas que adicionam volume ao produto e o mantêm estável).
Ao longo do caminho, no entanto, os fabricantes devem tomar várias medidas para garantir que o processo corra conforme o planejado. E a Anvisa afirma que a Bharat Biotech pulou algumas dessas medidas.
Uma medida é comprovar que o processo de inativação funcionou. Os fabricantes podem fazer isso de várias maneiras. Para a vacina contra a raiva, o o fabricante da vacina pode adicionar o vírus morto a uma linha celular (como células Vero) e verifique se há antígenos do vírus da raiva usando um método chamado imunofluorescência. Alternativamente, o fabricante da vacina pode injetar o fluido da mistura de células-vírus no cérebro de camundongos. Se os ratos desenvolverem sintomas de raiva em duas semanas, isso significa que o método de inativação falhou.
Outra medida é mostrar a chamada cinética de inativação, que mapeia a taxa na qual o vírus é morto durante o processo de inativação. Em termos gerais, isso significa que o fabricante traçará uma curva com o número de partículas virais sobreviventes no eixo vertical e o tempo durante o qual o vírus foi exposto ao calor inativador ou produto químico no eixo horizontal.
Essa curva é importante porque em alguns processos o vírus morre mais rápido no início, enquanto em outros a inativação é retardada. E porque é virtualmente impossível para um fabricante de vacinas detectar cada vírus vivo em cada frasco, esta curva pode prever quanto tempo levará para o vírus se tornar completamente inofensivo. Esse cálculo ajuda as empresas a produzirem frascos de vacinas em que as chances de um vírus vivo estar presente são extremamente pequenas.
Uma terceira medida que o fabricante deve tomar é “validar” a prova de inativação. Em outras palavras, eles devem mostrar que a prova de inativação é específica e sensível, diz Sumant Baukhandi, o diretor-gerente da GMP Pharma Private Limited, uma empresa de consultoria e instituto de treinamento GMP sediada em Dehradun.
No exemplo da vacina contra o vírus da raiva descrito anteriormente, a alta especificidade significaria que apenas o vírus da raiva vivo, e nenhum outro, é detectado na prova de inativação, enquanto a alta sensibilidade significaria que mesmo pequenas quantidades de vírus da raiva são detectadas.
Após a formulação da vacina, os fabricantes devem fazer novamente uma série de testes. Um teste mede a potência de cada dose, normalmente medindo o antígeno viral que provoca uma resposta imune em humanos, eventualmente protegendo contra doenças.
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