O brasileiro Paulinho comemorou seu gol na vitória de seu país por 4 a 2 nos Jogos Olímpicos sobre a Alemanha, fazendo o gesto de um arqueiro para se posicionar publicamente contra a intolerância religiosa.
Alguns viram o eco de Usain Bolt quando o atacante do Bayer Leverkusen estendeu o braço esquerdo e cerrou o punho direito perto do rosto após marcar na vitória de quinta-feira.
Na verdade, o gesto foi uma homenagem às crenças afro-brasileiras, visto que alguns seguidores dessas religiões sofrem perseguições no Brasil.
O gesto em estilo arqueiro representa um caçador e é uma homenagem a Oxossi, um orixá (ou orixá), um espírito considerado uma divindade na religião iorubá da África Ocidental e ramificações dessa fé que se espalhou para além da África – como a cubana Santeria e Candomblé Brasileiro.
Na mitologia iorubá, que inspira os ritos do candomblé no Brasil, Oxossi acabou com a miséria e a fome matando um pássaro malvado com uma flecha.
O gesto de Paulinho recebeu ampla cobertura nas redes sociais no Brasil, onde os adeptos dos ritos do Candomblé regulares sofrem perseguições com locais de culto vandalizados, notadamente por evangélicos fundamentalistas.
“Paulinho só precisava acertar o fundo da rede com um tiro preciso para garantir que o grito de alívio e orgulho de todo um povo fosse ouvido. Desde que o Brasil existiu, as religiões afro-brasileiras foram perseguidas e demonizadas”, escreveu Flávia Oliveira, jornalista e também tia de Paulinho, em editorial de sexta-feira do jornal O Globo.
Após a comemoração ter ampla cobertura, Paulinho recebeu o convite da escola de samba Mocidade para dançar com o grupo no carnaval carioca do ano que vem, onde farão a festa de Oxossi.
“É uma filosofia de vida, algo muito pessoal”, disse o jogador ao site The Players Tribune após o jogo.
“Nosso país tem sofrido muito, não só com o preconceito contra as religiões afro-brasileiras, mas também por outros motivos como raça, gênero ou orientação sexual”.
Muitos jogadores de futebol brasileiros exibem publicamente sua adesão a denominações cristãs, incluindo o atacante do Paris Saint Germain Neymar, que usava uma bandana com o slogan “100 por cento Jesus” ao receber sua medalha de ouro olímpica há quatro anos.
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