Não há muitos jogadores de futebol que tenham uma habilidade que esteja inextricavelmente ligada a eles na imaginação do público, e a maioria daqueles que têm são verdadeiros grandes nomes do jogo.
O giro de Cruyff, o giro de Zidane, Ronaldinho e seu lendário flip-flap.
Nenhum desses jogadores teve uma série de clubes no final da carreira que diz: Fujieda MYFC, Miami Dade, Sliema Wanderers, Vila Nova, Spartak Trnava.
Então Kerlon – o dono dessa estranha carreira – é um caso à parte. Uma sensação adolescente que prometia muito. Um profissional sênior que entregava pouco. Muito, muito pouco comparado aos três jogadores citados anteriormente.
No entanto, apesar de suas conquistas relativamente modestas no jogo, Kerlon estará para sempre ligado a um movimento de habilidade, seu movimento de habilidade, o foquinha, o gotejamento do selo. Assim, enquanto sua carreira pode ter desvanecido, mas seu espírito vive.
E na quarta-feira à noite o espírito de Kerlon se ergueu como o Fantasma do Natal Passado, levando-nos de volta a tempos mais felizes. Para a segunda divisão do Brasil, o espírito de Kerlon viajou. Para o jogador do Náutico Jobson, virou. E disse: “Levante-se! E dribla comigo!”
Jobson é um pouco acima da média em estatura, mas nada notável na maioria dos sentidos. Vinte e seis anos de idade, sem nenhuma característica facial marcante além de um bigode ralo e fofo. Em campo, um meio-campista box-to-box de porte deselegante e habilidade técnica bastante modesta, mas a ética de trabalho de um burro de mineiro.
Um suspeito improvável, pode-se supor, de realizar um drible tão ousado e impetuoso e tão irritantemente delicioso quanto o drible da foca. Mas quem somos nós para questionar o espírito de Kerlon? Possuirá quem julgar adequado.
No jogo do Náutico contra o CRB na Série B do Brasil, no segundo tempo, quando o Náutico parecia manter a vantagem de 2 a 1, a bola foi levantada no ar por um zagueiro do CRB e quicou, encaixando perfeitamente para Jobson.
De repente, ele sentiu o espírito de Kerlon no fundo de seus ossos. Ele não estava mais no controle.
Um dois três. Os pequenos acenos que mantinham a bola no ar continuavam vindo. A multidão no Nautico’s Estádio dos Aflitos – o Estádio dos Aflitos – gritou com prazer macabro.
Jobson correu e correu e, err, foi em direção à bandeira de escanteio antes que a bola finalmente caísse e um defensor do CRB a arrancou do dedo do pé.
Mas importava que o drible de foca de Jobson não conseguisse absolutamente nada? Importava que perder a bola assim ao tentar defender uma vantagem de 2 a 1 provavelmente não fosse o ideal?
Deu merda.
Jobson nos trouxe um pouco da alegria que Kerlon prometeu uma vez. Um delicioso sopro de nostalgia daqueles vídeos de futebol do início da era do YouTube que nos encantaram com momentos estranhos de magia do futebol de terras distantes.
Jobson trouxe de volta o drible do selo como um tributo de curta duração a uma banda indie de meados dos anos 2000 que nunca foi tão boa em primeiro lugar.
Foi inútil? Absolutamente.
Desejamos que ele faça isso toda semana para nosso prazer sentimental? Sim por favor.
Por Lei de Josué
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