No mesmo fim de semana em que Gabriel Martinelli marcou um gol maravilhoso pelo Arsenal, Hulk marcou dois e levou o Atlético Mineiro à beira do primeiro título do campeonato brasileiro desde 1971.
Aquele foi o ano em que Charlie George ajudou o Arsenal a dobrar e quando ninguém imaginava que 60 anos depois os atacantes do Brasil estariam deixando uma marca no futebol inglês.
A comparação entre Martinelli e Hulk é um exemplo claro de algumas tendências do futebol atual.
Há não muito tempo, alguém como Martinelli estaria vivendo o sonho de se tornar um dos times gigantes de sua cidade natal, São Paulo – o Corinthians, talvez, ou o recém-coroado campeão sul-americano, o Palmeiras.
Em vez disso, ele nem chegou perto da primeira divisão brasileira. Escolheu jogar pelo Ituano, pequeno clube a uma hora de São Paulo, porque a ligação com Juninho facilitaria sua transferência para a Inglaterra. Uma geração globalizada tem sonhos globalizados.
E os grandes clubes europeus querem realizar esses sonhos o mais cedo possível. Eles querem tirar o melhor talento do futebol sul-americano enquanto ainda são adolescentes.
A ideia é atravessar o Atlântico desde cedo, para os ajudar a adaptar-se à vida e ao futebol numa cultura diferente.
E assim, hoje em dia, os jogadores mais destacados do futebol brasileiro costumam ser os veteranos, e não os garotos maravilhosos.
Hulk é um excelente exemplo. Ele jogou um total de duas partidas no Brasil em 2004. Ainda desconhecido, ele se mudou para o Japão.
E depois de uma longa carreira que o levou a Portugal, Rússia e China, este ano ele voltou para casa para se juntar ao Atlético Mineiro. Alguns duvidaram dele. Mas ele tem sido o melhor jogador da liga.
Ele é o artilheiro da primeira divisão, e depois que seu time ficou para trás contra o Fluminense no domingo, ele somou mais dois para vencer a partida e tornar o Atlético quase certo campeão.
Seu parceiro de ataque é o ex-atacante do Chelsea e Atlético de Madrid, Diego Costa.
O sábado também foi palco da principal ocasião do futebol sul-americano, a final da Copa Libertadores entre dois gigantes brasileiros, Palmeiras e Flamengo.
Foi surpreendente que as formações iniciais contassem com apenas dois jogadores com menos de 25 anos. O Palmeiras vendeu Gabriel Jesus para o Manchester City.
O Flamengo tem se concentrado em produzir futuras estrelas para a Europa – como Vinicius Junior do Real Madrid e Lucas Paquetá do Lyon – e usar o dinheiro para trazer de volta dois tipos de jogadores do outro lado do Atlântico.
Um são os veteranos, que buscam encerrar a carreira com uma última tentativa de prata – o recém-adquirido David Luiz é um exemplo.
O outro são jogadores na casa dos 20 anos que não conseguiram encontrar espaço nos grandes clubes europeus.
São vários os exemplos disso na formação do Flamengo. Um recente é o meio-campista Andreas Pereira, emprestado do Manchester United.
Mas no sábado isso não teve um final feliz. Com a partida em 1 a 1 na prorrogação, foi um erro gritante de Andreas Pereira que presenteou o Palmeiras – um desfecho que Gabriel Jesus certamente estava comemorando.
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