Homem segurando grãos de café na plantação do Instituto Biológico em São Paulo, Brasil, 8 de maio de 2021. REUTERS / Amanda Perobelli / Arquivo de foto
SÃO PAULO / NOVA YORK, 21 de julho (Reuters) – Uma onda de frio incomum, com temperaturas caindo a níveis de congelamento em questão de minutos, atingiu o coração do cinturão do café no Brasil, danificando árvores e prejudicando as perspectivas para a safra do próximo ano, agricultores disseram na quarta-feira.
Os produtos agrícolas em todo o hemisfério ocidental têm sido afetados por um clima excepcionalmente ruim – sejam inundações ou secas extremas – durante toda a temporada. O Brasil é o maior produtor mundial de café, pois seu clima é o mais propício para a produção do grão. Os preços do café subiram quase 13% em resposta às geadas, a uma alta de 6-1 / 2 anos.
A geada repentina aconteceu na manhã do dia 20 de julho. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a temperatura mínima em Minas Gerais era de -1,2 Celsius (29 Fahrenheit). Agricultores, corretores e analistas estavam avaliando suas safras na quarta-feira, após relatos de que a onda de frio foi muito mais forte do que o esperado.
“Nunca tinha visto algo assim. Sabíamos que ia fazer frio, estávamos monitorando, mas de repente as temperaturas caíram vários graus quando já era madrugada”, disse Mário Alvarenga, produtor de café com duas fazendas em Minas Gerais, Maior estado produtor do Brasil.
Os agricultores compartilharam fotos de suas plantações, onde grandes áreas pretas eram visíveis em locais onde deveriam ver manchas verdes escuras marcando os cafeeiros.
“Provavelmente terei que arrancar umas 80 mil árvores, estão queimadas até o fundo”, disse Airton Gonçalves, que cultiva 100 hectares de café em Patrocínio, no Cerrado de Minas Gerais.
“Eu estava indo para a fazenda ontem e um sensor no caminhão começou a me alertar sobre gelo na estrada. Achei que o sistema tinha enlouquecido. Mas quando cheguei na fazenda, estava coberto de gelo, os telhados, o cultivo.”
Gonçalves estima que sua produção em 2022 cairá para cerca de 1.500 sacas, das usuais 5.500 sacas.
Ana Carolina Alves Gomes, analista de café da Federação Mineira da Agricultura Faemg, disse que geadas foram registradas também no sul de Minas Gerais e na região de Mogiana, no estado de São Paulo.
“Só o tempo dirá o quanto se perderá. Já tivemos uma safra pequena este ano”, disse ela.
A Cooxupe, maior cooperativa de café do mundo e maior exportadora do Brasil, disse que seus agrônomos estavam visitando fazendas na quarta-feira para avaliar melhor os possíveis danos. Ela planeja lançar um relatório nos próximos dias.
O corretor Thiago Cazarini, que atua em Varginha, no Sul de Minas, disse que estimativas preliminares de exportadores e agrônomos apontam para uma redução potencial de 1 a 2 milhões de sacas na safra do próximo ano.
“Para uma visão mais clara, é necessário tempo adequado. Na próxima semana será mais preciso”, disse.
Reportagem de Marcelo Teixeira; Edição de David Evans e Sandra Maler
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