Espectro de desastre de rejeitos se aproxima após derramamento na mina da empresa canadense no Brasil

  • Um derramamento de um lago na mineração da empresa canadense Equinox Gold no estado do Maranhão interrompeu o abastecimento de água para cerca de 4.000 residentes e alimentou temores sobre o potencial rompimento de sua barragem de rejeitos.
  • Moradores dizem que o vazamento é apenas o mais recente em uma ladainha de problemas que eles atribuem à mina, que inclui danos estruturais em suas casas, poluição do ar e sonora e contaminação da água.
  • A empresa atribui o derramamento a chuvas excepcionalmente fortes; nega qualquer ligação entre sua atividade de detonação e danos às residências dos residentes; e diz que toda a papelada e certificação para a barragem de rejeitos estão em ordem.
  • Sua barragem de rejeitos é quase idêntica à operada pela Vale, a maior mineradora do Brasil, em Minas Gerais, que faliu catastroficamente em 2019, matando 270 pessoas.

Em 25 de março, a água de um lago da mineradora canadense Equinox Gold caiu sobre seus aterros no estado brasileiro do Maranhão em meio a fortes chuvas. A água fluiu para os rios locais, deixando as 4.000 pessoas que moravam perto da mina sem água potável. Isso também gerou temores de que a principal barragem de rejeitos da mina possa se romper, como aconteceu com outras barragens mais ao sul do estado de Minas Gerais.

Agência reguladora do meio ambiente do Maranhão (SEMA) inspetores despachados à mina Aurizona, no município de Godofredo Viana, na sequência do incidente, enquanto o Conselho Nacional de Direitos Humanos do Brasil pediu esclarecimento da Equinox sobre o incidente.

A Equinox administra minas nas Américas. Sua mina Aurizona, operada pela subsidiária local Mineração Aurizona SA (MASA), pode produzir até 130.000 onças de ouro por ano, tornando-se uma das maiores operações de mineração no Brasil. Desde 26 de março, um dia após o vazamento na lagoa do Pirocáua, fornece água potável para as comunidades atingidas por meio de caminhões-pipa, informa. Diz ainda que, desde o incidente, o abastecimento de água à área foi totalmente restaurado. Os moradores, porém, afirmam que ainda não há água encanada nas torneiras ou que a água que sai cheira mal, é gordurosa e tem uma cor avermelhada.

Um mês após o derramamento, a Polícia Militar prendeu dois manifestantes do Movimento de Atingidos por Barragens (MAB) que exigia a normalização do abastecimento de água na cidade. O MAB alega que o abastecimento de água está contaminado e tem causado problemas de saúde na população.

Os moradores também atribuem uma série de outros problemas à Equinox, desde que começou a operar ali em 2010. Entre elas, rachaduras em suas casas, com as estruturas supostamente comprometidas devido às constantes explosões dentro da mina; poluição do ar por resíduos de mineração, responsabilizados por problemas respiratórios; poluição sonora; e contaminação dos recursos hídricos da região. O medo é constante, diz Daiane Souza, moradora do Aurizona.

“Desde que a mineradora veio para cá, ela vem humilhando a comunidade”, diz ela. “Não dormimos bem. Nossas casas não foram projetadas para suportar o impacto das bombas dia e noite. Os danos aos moradores são muitos ”.

Mais do que o vazamento na Lagoa do Pirocáua, que é uma estrutura auxiliar, os moradores dizem temer o potencial rompimento da grande barragem de rejeitos da mina, a barragem de Vené, que retém os resíduos da mineração. “Essa é a maior preocupação. Se essa represa quebrar, vai matar todo mundo. Quando chove, mal conseguimos dormir ”, diz Souza.

A Equinox atribuiu o vazamento na Lagoa do Pirocáua a chuvas excepcionalmente fortes que atingiram a região.

Jonias Pinheiro, morador que trabalhou alguns anos na Equinox, afirma que a empresa tem causado enormes prejuízos socioambientais à comunidade. “A empresa traz mais mal do que bem. Várias coisas absurdas acontecem aqui e a mineradora precisa se responsabilizar por elas ”, afirma.

Inundação resultante do derramamento do tanque no local da mineração. Imagem cortesia da comunidade do Aurizona.

Relações aconchegantes com o governo estadual

Em 2018, rejeitos de uma pilha de lixo estéril – a montanha de terra desenterrada e retirada da atividade de mineração da Equinox – deslizou, isolando a comunidade. Tadzio Coelho, professor da Universidade Federal de Viçosa em Minas Gerais que estuda a mineração de ouro na região, afirma o monitoramento e licenciamento da Equinox’s Vamos tem problemas sérios.

O plano de ação emergencial da empresa, por exemplo, nem mesmo reconhece os milhares de pessoas que vivem no entorno da barragem. A empresa também nunca fez simulações de rompimento da barragem, etapa necessária na elaboração de planos de contingência para atender a uma real emergência.

Coelho diz que os problemas na operação Equinox não são surpreendentes, considerando o péssimo histórico de danos causados ​​e a falta de transparência do setor. Segundo ele, todo o projeto deve ser submetido a um novo processo de licenciamento, principalmente para a barragem de Vené. O volume atual do reservatório é de 11,6 milhões de metros cúbicos (410 milhões de pés cúbicos) de rejeitos, semelhante a uma barragem que rompeu catastroficamente no município de Brumadinho, Minas Gerais, em 2019, matando 270 pessoas. Essa barragem foi operada pela Vale SA, a maior mineradora do Brasil, que também foi responsável por mais um rompimento de barragem de rejeitos mortal, no município de Mariana, Minas Gerais, em 2015.

A Equinox diz que sua própria barragem “tem toda a documentação e certificado de estabilidade em dia”, tendo sido inspecionada em 31 de março por uma equipe da Agência Nacional de Mineração do país. Em resposta às reclamações sobre os danos causados ​​às casas dos moradores por suas explosões, a Equinox disse que “realiza detonações controladas para desmontagem em suas instalações, dentro dos parâmetros legais e tecnicamente permitidos”. Em 2019, uma empresa de engenharia independente contratada pela mineradora concluiu que “não há relação entre as detonações e as reclamações dos moradores”.

SEMA, o órgão regulador ambiental do Maranhão, disse em uma nota que “adotou medidas de fiscalização, controle e monitoramento para mitigar os danos ambientais e sociais causados ​​pelo rompimento do talude de Pirocáua”. Acrescentou que “revisou todas as licenças ambientais emitidas e acompanhou todos os processos de licenciamento da empresa”, além de impor uma multa preliminar de R $ 10 milhões (US $ 1,9 milhão) à Equinox.

Mas os críticos afirmam que o governo do Maranhão mantém laços estreitos com a mineradora. No final de 2019, por exemplo, o vice-governador Carlos Brandão participou da inauguração de uma grande obra no complexo do Equinócio, representando o governador Flávio Dino.

No momento, Brandão falou sobre “A grande relevância do empreendimento para o desenvolvimento social e econômico da região em harmonia com a preservação do meio ambiente.” Segundo ele, o governo do Maranhão “garantiu segurança jurídica e política para a expansão desse empreendimento”, que, segundo ele, representaria “mais desenvolvimento e qualidade de vida para o povo”.

O governo do estado também participou diretamente do empreendimento, firmando parceria que garante a expansão das atividades da Equinox. Durante o evento de assinatura, Christian Milau, CEO da Equinox Gold, disse que a empresa estava “muito feliz” com o relacionamento com a comunidade local. “Nosso compromisso é colaborar com o crescimento do local onde estamos, apoiando iniciativas que tragam benefícios às pessoas e sendo uma mineradora ambientalmente responsável”, afirmou.

Imagem do banner da vila de Aurizona em primeiro plano e barragem de rejeitos da Equinox Gold ao fundo, cortesia da GEDMMA.

Este artigo foi relatado pela equipe da Mongabay no Brasil e publicado pela primeira vez aqui no nosso Site do brasil em 5 de maio de 2021.

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