Desmatamento da Amazônia bate recorde no primeiro semestre de 2022

O desmatamento da Amazônia atingiu uma alta de seis anos durante o primeiro semestre de 2022, informou a Agência Espacial Brasileira na sexta-feira, aprofundando as preocupações de que o papel crítico da vasta floresta tropical na proteção da saúde do planeta será irreparavelmente danificado.

Dados de satélite mostraram que mais de 3.980 quilômetros quadrados, uma área cinco vezes maior que a cidade de Nova York, foram desmatados nos primeiros seis meses deste ano, o número mais alto desde pelo menos 2016. Dados da agência também indicaram atividade de incêndio no último mês foi o mais alto para junho em 15 anos de agricultores queimando a vegetação florestal para limpar a terra para plantações e pecuária.

A maior floresta tropical do mundo é um dos mais importantes “sumidouros de carbono” do planeta, absorvendo enormes quantidades de dióxido de carbono do ar e armazenando-o em sua vegetação. Ao remover o dióxido de carbono da atmosfera, a Amazônia serve como um poderoso contrapeso a todo o carbono liberado e diminui o ritmo do aquecimento global.

A Amazônia também desempenha um papel fundamental na regulação dos padrões climáticos regionais. Suas árvores descarregam água na atmosfera através de seus caules, folhas e flores por meio de um processo chamado transpiração. A água liberada pode formar vastos rios no céu e nuvens de chuva, que podem afetar a precipitação localmente e talvez até o México e o Estados Unidos.

Mas a floresta ficou ameaçada nas últimas décadas, à medida que a terra é desmatada e convertida em grande parte para pecuária e agricultura. Nas últimas cinco décadas, a Amazônia perdeu cerca de 17% de sua floresta.

Alguns cientistas dizem que a Amazônia pode perder entre 20% e 25% de sua floresta dentro de uma década, o que pode mudar irreversivelmente o ecossistema. A floresta tropical seria convertida em savana aberta degradada, colocando em risco a biodiversidade, alterando os padrões climáticos regionais e acelerando as mudanças climáticas.

“Estamos entrando na faixa do ponto de inflexão previsto pelos cientistas”, disse Marcio Astrini, secretário-executivo da rede de advocacia Climate Observatory. “Agora, cada número adicional de desmatamento na Amazônia nos empurra ainda mais fundo nesse cenário irreversível.”

Romulo Batista, porta-voz do Greenpeace Brasil, disse que o pico até agora em 2022 é preocupante porque o desmatamento está invadindo novas áreas. O desmatamento se expandiu e desmatou mais de 1.230 quilômetros quadrados no estado brasileiro do Amazonas, uma alta de seis anos para a região. Os estados do Pará e Mato Grosso tiveram 1.105 quilômetros quadrados e 845 quilômetros quadrados, respectivamente.

“Especialmente preocupante é como o aumento do desmatamento está concentrado em uma nova frente no sul da Amazônia”, disse Batista em uma notícia liberar.

As taxas de desmatamento flutuaram nas últimas três décadas, inclusive em taxas mais altas na década de 1990 e início de 2000. Em resposta, o brasileiro o governo procurou agressivamente proteger a Amazônia, fortalecendo as agências de fiscalização ambiental e desencorajando a exportação de bens produzidos ilegalmente em terras desmatadas. Os esforços foram recompensados. De 2004 a 2012, o ritmo do desmatamento caiu 80%.

Mas o desmatamento tem apresentado uma tendência ascendente nos últimos três anos e meio sob a liderança do presidente brasileiro Jair Bolsonaro, que promulgou políticas de apoio à mineração e pecuária e proteções ambientais desvendadas.

“As taxas de desmatamento sob Bolsonaro são o dobro da média da década anterior. É por isso que eles são tão alarmantes”, disse Astrini. Ele disse que antes de Bolsonaro, o desmatamento aumentou uma média de 6.500 quilômetros quadrados por ano de 2012 a 2018. Após a posse de Bolsonaro, as taxas chegaram a 13.000 quilômetros quadrados por ano.

“Claramente, combater o desmatamento não é uma prioridade do governo federal”, disse Ane Alencar, diretora de ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia. “A prioridade parece ser as eleições.”

Em comunicado, o Ministério do Meio Ambiente brasileiro defendeu sua atuação, dizendo que o “governo tem sido extremamente contundente no combate aos crimes ambientais” em regiões-chave do país. Ele não abordou o recente aumento no desmatamento.

Bolsonaro também discordou publicamente dos números de desmatamento no passado. “As informações sobre essa região saem do Brasil de forma muito distorcida”, disse ele durante visita à Hungria em fevereiro.

Os eleitores no Brasil se reunirão em outubro para eleger um novo presidente e um congresso nacional. Alencar disse que o desmatamento pode ser pior durante os anos eleitorais, pois as pessoas não têm tanto medo de serem punidas. Os candidatos podem estar menos inclinados a cobrar multas e afrouxar as inspeções durante as campanhas.

O desmatamento contínuo da Amazônia ocorre apesar da promessa de Bolsonaro de acabar com o desmatamento ilegal até 2030 e tornar o Brasil neutro em carbono até 2050. Astrini disse que acabar com o desmatamento na próxima década é viável. Por exemplo, a produtividade agrícola pode ser duplicada em terras já desmatadas, e alguns pesquisas mostram muitas pastagens existentes podem sustentar mais pastagens de gado do que suportadas.

“Sabemos onde estão essas áreas, o que precisa ser feito, onde está o desmatamento e como podemos implementar as políticas para evitar o desmatamento”, disse Astrini. Mas ele, Alencar e muitos outros estão céticos de que tal ação aconteça sob a atual liderança.

“Se tivermos mais quatro anos de governo Bolsonaro, será um governo que nos levará ao colapso da floresta”, disse Astrini. “Digo abertamente, na eleição de outubro, os brasileiros terão que fazer uma escolha, ou Bolsonaro ou a floresta. Ambos, pelos próximos quatro anos, não existirão. Apenas um sobreviverá.”

Até a eleição, no entanto, Carlos Nobre, do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, disse que as taxas de desmatamento podem continuar a aumentar, dependendo de como as pessoas pensam que a eleição pode acabar.

Se eles acham que Bolsonaro “não será reeleito, eles podem realmente tentar o máximo de apropriação de terras, apenas assumindo que o próximo presidente” será “muito rigoroso com a aplicação da lei a partir de janeiro”, disse Nobre.

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Sá Pessoa relatou de São Paulo. Patel relatou de Washington. Chris Mooney em Washington contribuiu para este relatório.

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