RIO DE JANEIRO – Bombeiros e moradores desesperados procuraram por vítimas nesta quarta-feira, após fortes deslizamentos de terra e inundações atingiram uma região montanhosa ao norte do Rio de Janeiro, despejando a chuva de um mês durante a noite e matando pelo menos 78 pessoas.
O prefeito de Petrópolis, uma cidade histórica aninhada nas montanhas a cerca de 110 quilômetros das praias do Rio de Janeiro, disse que o número de mortos ainda pode aumentar. Um desastre semelhante matou mais de 900 pessoas na área em 2011. Muitos especialistas dizem que esses eventos climáticos extremos estão se tornando mais comuns com o aquecimento global.
Chuvas intensas a partir da noite de terça-feira causaram deslizamentos de terra que derrubaram dezenas de casas nas encostas acima de Petrópolis e causaram inundações que causaram mais danos nas ruas abaixo. Imagens e vídeos nas redes sociais mostraram rios de lama correndo pelas ruas da cidade, varrendo tudo pelo caminho: carros, árvores e, às vezes, pessoas.
As chuvas que causaram a devastação foram as mais fortes que a cidade viu desde 1952, disse o Instituto Nacional de Meteorologia do Brasil.
“O que vimos foi um evento realmente extremo”, disse Cássia de Castro Martins Ferreira, pesquisadora da Universidade Federal de Juiz de Fora, que estuda eventos climáticos extremos na região. “Não choveu – foi uma quantidade extraordinária de água que derramou”.
Para muitos moradores de Petrópolis, o desastre foi uma lembrança dolorosa de 2011, quando deslizamentos de terra semelhantes mataram mais de 900 pessoas na região – o pior desastre natural da história do Brasil.
Petrópolis faz parte de uma região pitoresca com um grande parque nacional e montanhas escarpadas e arborizadas que se tornaram um refúgio para pessoas que fogem das temperaturas escaldantes do litoral. Foi fundada em meados do século XIX pelo imperador brasileiro Pedro IIque presidiu a corte durante os sufocantes meses de verão.
Mas sua geografia única também a torna vulnerável a chuvas extremas, disse Castro. A região é frequentemente onde as massas de ar quente vindas da costa se chocam com as temperaturas mais frias comuns em altitudes mais altas, o que pode causar tempestades.
“Temos um número enorme de eventos climáticos extremos em Petrópolis, relacionados exatamente à sua localização”, disse ela. Mas outro risco, disse ela, “é a maneira como a cidade cresceu”.
À medida que Petrópolis se expandiu, os moradores se mudaram para as colinas, derrubando florestas que antes funcionavam como amortecedores contra deslizamentos de terra e construindo casas em terrenos muitas vezes muito íngremes e inadequados para o desenvolvimento.
Após os deslizamentos de terra de 2011, as autoridades criaram planos para evitar uma tragédia semelhante na região. Mas esses planos avançaram lentamente em meio à falta de financiamento e mudanças no poder político.
A Sra. Castro disse que, no Brasil, a principal prioridade deve ser a criação de sistemas mais robustos para alertar os moradores antes de eventos climáticos extremos. Em Petrópolis, apenas alguns bairros estão equipados com sirenes que alertam para riscos climáticos, enquanto governos estaduais e municipais ainda não instalaram tais sistemas em outros locais vulneráveis.
O governador do estado do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, disse em entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira que são necessárias ações preventivas para evitar que essas tragédias se repitam.
“Estamos fazendo essa prevenção”, disse. “Leva tempo, não pode ser feito tudo de uma vez.”
Chuvas fortes não são incomuns durante os meses de verão do Brasil. Mas a maioria dos especialistas concorda que eventos climáticos extremos estão se tornando mais comuns. Em dezembro, as inundações mataram pelo menos 20 pessoas e desalojaram cerca de 50.000 no nordeste do país. E no mês passado, dezenas foram mortos em São Paulo e Minas Gerais quando chuvas torrenciais varreram os dois estados.
Jack Nicas relatórios contribuídos.
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