Coronavírus e conflito ameaçam a Copa América daqui a um mês

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Buenos Aires (AFP)

Com a Copa América marcada para começar em um mês, a incerteza permanece sobre se ela realmente irá acontecer, já que os anfitriões Argentina e Colômbia lutam, respectivamente, com a pandemia do coronavírus e a agitação civil.

A decisão final deve ser tomada na quinta-feira, quando o Conselho da CONMEBOL, que dirige o futebol sul-americano, se reúne, com a presença dos presidentes das 10 federações.

Uma fonte da CONMEBOL disse à AFP na quarta-feira que o órgão espera que o torneio prossiga conforme planejado.

Também não há medo de que os clubes europeus – que ameaçaram impedir os jogadores de participarem das eliminatórias para a Copa do Mundo em março devido à possibilidade de restrições de quarentena em seu retorno – se oponham, ou seja, estrelas como Lionel Messi do Barcelona e Neymar do Paris Saint- Germain deve aparecer.

No entanto, a Argentina, que deve receber a partida de abertura em 13 de junho, está atolada em seu pior momento desde o início da pandemia. Mais de três milhões de pessoas contraíram o vírus, 68.000 das quais morreram de Covid-19.

A Colômbia foi impedida por duas semanas de agitação social, resultando em 42 mortes e centenas de feridos, enquanto os manifestantes entraram em confronto com a polícia, cuja resposta violenta recebeu condenação internacional.

O país também permanece submerso pelo coronavírus com três milhões de casos e 78.000 mortes.

“É provável que o pico de infecções não caia” quando o torneio começar, disse Diego Rosselli, professor de epidemiologia da Universidade Javeriana em Bogotá, à AFP.

No entanto, há precedentes aqui, já que a Colômbia conseguiu sediar a Copa em 2001, apesar de o país estar dominado por um conflito de décadas com guerrilheiros de esquerda.

Naquela época, a Argentina e os convidados Canadá desistiram, com Costa Rica e Honduras convocados como substitutos tardios. Brasil e Uruguai enviaram times de segunda linha, mas o torneio transcorreu sem incidentes e a Colômbia venceu pela primeira vez.

– Apoio do presidente da Colômbia –

Mas, embora grande parte do mundo esteja em confinamento, o futebol profissional tem se mostrado resistente à maioria das medidas de contenção.

“Estamos jogando futebol casualmente com uma montanha de infecções”, disse o ex-técnico da Argentina, Angel Cappa.

O torneio tem o apoio do ex-presidente da Colômbia, Ivan Duque.

“Seria um absurdo não jogar a Copa América se eles estivessem jogando o Europeu, até porque os números epidemiológicos em alguns países (europeus) são os mesmos, ou mesmo, em alguns lugares, piores” do que na América do Sul, ele disse.

O presidente da Argentina, Alberto Fernandez, não está tão confiante, dizendo recentemente: “Não quero atrapalhar a Copa, mas temos que ser muito sensatos”.

A esperança da CONMEBOL de ter fãs nos estádios também parece destinada a ser frustrada.

Com as unidades de terapia intensiva à beira do colapso, Fernan Quiros, o ministro da Saúde de Buenos Aires, alertou que a cidade “não pode organizar espetáculos com grandes multidões”.

A CONMEBOL parece não estar ouvindo e lançou a música oficial do torneio.

“É um sinal inequívoco de que o trabalho continua”, disse uma fonte à AFP.

Do jeito que as coisas estão, segue em frente a partida de estreia entre Argentina e Chile, no estádio Monumental, em Buenos Aires.

Assim como a final na cidade colombiana de Barranquilla no dia 10 de julho.

– Vacinas chinesas –

As competições continentais da Copa Libertadores e Sudamericana foram interrompidas pela agitação e pandemia colombiana, mas a CONMEBOL começou a vacinar jogadores de futebol na semana passada graças a 50.000 doses de vacinas doadas pela empresa farmacêutica estatal chinesa Sinovac.

Até os familiares dos jogadores serão imunizados, enquanto os centros de vacinação foram instalados em Londres, Roma e Madrid para jogadores baseados na Europa.

Árbitros, treinadores e equipe de apoio em clubes profissionais também receberam jabs.

A CONMEBOL parece determinada a fazer tudo ao seu alcance para garantir que as autoridades não tenham motivos para forçar sua mão.

No Brasil, os atuais campeões, o técnico do time Tite e a federação de futebol do país permaneceram calados.

A implantação da vacina no Brasil foi condenada por ser lenta, partes do país viram seus sistemas de saúde entrarem em colapso e 425.000 pessoas morreram de Covid-19.

Para muitos, o futebol deve ser a última coisa em que pensam.

“Desde o início da pandemia, os líderes do futebol brasileiro pensam apenas em si próprios, no jogo e no dinheiro”, disse o ex-internacional brasileiro Walter Casagrande.

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