A chefe da delegação de três membros do órgão de prevenção da tortura da ONU que visitou no início do mês, Suzanne Jabbour, exortou o país a “abandonar sua decisão de desmantelar o mecanismo nacional de prevenção à tortura”.
Ela também chamado que o Brasil “respeite seus compromissos internacionais de direitos humanos e consolide seus recursos e esforços para combater a tortura”.
🇧🇷#Brasil deve cumprir as obrigações internacionais e reforçar os mecanismos nacionais de prevenção contra a tortura, dizem especialistas da ONU #tortura órgão de prevenção #SPT após sua visita ao país com a terceira maior população carcerária do mundo: https://t.co/uwVGp6qZG4 pic.twitter.com/sVTbs2qsD7
— Órgãos do Tratado da ONU (@UNTreatyBodies) 11 de fevereiro de 2022
Privado de liberdade
O Brasil tem mais de 750.000 detidos e muitas prisões superlotadas, de acordo com o escritório de direitos da ONU, ACNUDH.
Durante sua visita à capital, Brasília, a delegação da Subcomissão de Prevenção à Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes (SPT), reuniu-se com a Ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, parlamentares, Supremo Tribunal Federal e outros.
A delegação também manteve reuniões com o Mecanismo Nacional de Prevenção à Tortura (MNPCT), órgão de fiscalização da prevenção à tortura do país, seus pares nos quatro estados onde atua e representantes da sociedade civil ligados à prevenção da tortura.
“Todas as altas autoridades com as quais nos reunimos concordaram que um mecanismo preventivo independente e que funcione bem é absolutamente essencial, tanto em nível federal quanto estadual”, disse a Sra. Jabbour.
Enfraquecimento do sistema
Segundo a especialista da ONU, os mecanismos preventivos do Brasil enfrentam “desafios críticos”, mas ela afirmou que “apesar da falta de recursos e apoio, estão fazendo um trabalho notável”.
Espera-se nas próximas semanas uma decisão do Supremo Tribunal Federal para decidir sobre a legalidade de um Decreto Presidencial de 2019 estabelecendo que os membros do MNPCT deveriam trabalhar de forma voluntária, sem remuneração.
Além disso, a Administração decidiu unilateralmente diminuir severamente o apoio profissional e de secretariado para o mecanismo.
“Continuaremos a nos engajar com os mecanismos de prevenção do Brasil e autoridades relevantes, instituições e sociedade civil e apoiar seus esforços para estabelecer um sistema de monitoramento forte, funcional e independente para prevenir a tortura no país”, destacou a Sra. Jabbour.
Obrigações
Os Estados Partes do Protocolo Facultativo à Convenção contra a Tortura (OPCAT) são obrigados a estabelecer mecanismos preventivos nacionais funcionais e independentes.
O Brasil estabeleceu um sistema nacional de prevenção à tortura em 2013, mas apenas quatro de seus 26 estados criaram um órgão que visita regularmente pessoas presas, para prevenir tortura e maus-tratos, bem como fazer lobby por melhores condições.
Os especialistas
Além da Sra. Jabbour, a delegação do SPT incluiu Juan Pablo Vegas, Chefe da Equipe Regional do SPT para a América Latina e Relator para o Brasil; e Nora Sveaass, que também visitou o país em 2015.
Relatores especiais e especialistas independentes são nomeados pela ONU com sede em Genebra Conselho de Direitos Humanos para examinar e relatar sobre um tema específico de direitos humanos ou a situação de um país. Os cargos são honorários e os especialistas não são pagos pelo seu trabalho.
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