Uma agência governamental que apoia pesquisas sobre o setor de energia do Brasil previu um salto significativo na demanda por eletricidade no país nos próximos anos. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) em um relatório recente disse que o consumo de energia terá um crescimento médio de 3,5% ao ano na próxima década, um aumento que exigirá até US$ 58 bilhões em investimentos em geração e transmissão de energia, além de 43 GW de nova geração.
“Como muitos outros países ao redor do mundo agora, o Brasil está tomando medidas para modernizar sua rede e expandir a capacidade de seu sistema de transmissão”, disse Andy Bennett, CEO da mPrest, desenvolvedora e fornecedora de software de orquestração e otimização de ativos distribuídos para os mercados de energia, defesa e comercial. Bennett disse POTÊNCIA, “Esse processo incluirá atualizações dispendiosas na infraestrutura física do país, bem como integração confiável de fontes crescentes de geração distribuída e renovável. O software de gerenciamento de rede inteligente demonstrou aplicativos cruciais que podem apoiar esses esforços. Podemos esperar que as principais concessionárias de todo o Brasil recorram a essas plataformas para facilitar a transição energética e melhorar a experiência do cliente por meio do acesso a insights em tempo real e tomadas de decisão orientadas por dados.”
O grupo EPE disse que várias tecnologias, tanto térmicas quanto renováveis, devem ajudar a atender à crescente demanda brasileira por eletricidade. Dados do governo de janeiro deste ano mostram que o Brasil tem atualmente 183 GW de capacidade de geração de energia em operação, que inclui 103 GW de hidrelétrica, 46 GW de térmica, 21 GW de eólica, 5,5 GW de pequena hidrelétrica, 4,6 GW de solar, 1,9 GW de energia nuclear, 838 MW de mini-hídrica e 0,5 MW de energia das ondas.
A energia hidrelétrica é importante para o Brasil há muito tempo, respondendo por até 80% da produção de energia há uma década, embora esteja caindo perto de 60% hoje devido à mudança nos padrões de chuva. A EPE disse que a dependência da hidrelétrica continuará, juntamente com o crescimento da energia eólica e solar. Mas o grupo disse que o país dependerá principalmente de usinas termelétricas para fornecer a maior parte da nova geração, e isso inclui energia nuclear.
Funcionários do governo já iniciaram um processo para identificar locais para novos reatores, que deseja ter em serviço até 2050, se não antes, de acordo com o “Plano Nacional de Energia até 2050” do Brasil. O Ministério de Minas e Energia do país anunciou em janeiro que está trabalhando com a Eletrobras Cepel (Cepel), um grupo de pesquisa de energia elétrica financiado pelo Estado, para encontrar locais onde novos reatores possam ser construídos.
“O aumento da participação da energia nuclear na matriz energética brasileira é importante para reduzir os impactos das crises hídricas na geração de energia elétrica”, disse o Cepel no comunicado de janeiro. O Ministério de Minas e Energia, em comunicado, disse: “A cooperação [with] O Cepel deve facilitar a escolha mais eficiente das novas usinas nucleares do país, considerando projeções de demanda energética, necessidades socioambientais e atração de novos investimentos para viabilizar a construção das usinas.” Bento Costa Lima, ministro de Minas e Energia, na reunião da COP26 em Glasgow, Escócia, no ano passado, disse que a energia nuclear “foi, é e será essencial e fundamental para a transição energética”, acrescentando que “adicionamos 10 GW nos próximos 30 anos.”
1. Autoridades brasileiras querem terminar a construção de Angra 3, um projeto de energia nuclear parado há vários anos. O reator se juntaria a dois reatores mais antigos da unidade de Angra que operam desde 1982 e 2000, respectivamente. Cortesia: Eletronuclear |
A única usina nuclear do Brasil, Angra, responde por cerca de 3% da geração do país a partir de dois reatores que entraram em serviço em 1982 e 2000, respectivamente. A unidade 1 é um reator de 640 MW; A Unidade 2 possui 1.350 MW de capacidade de geração. A construção de um terceiro reator, o Angra 3 de 1.245 MW (Figura 1), está paralisada, mas o reinício desse projeto faz parte do plano de energia nuclear do país, com esperanças de que possa estar em serviço até 2027.
Enquanto o governo brasileiro planeja privatizar o grupo elétrico Eletrobras, a subsidiária Eletronuclear continuará sendo estatal, dando ao grupo mais vias para encontrar financiamento para concluir Angra 3. A Eletronuclear assinou em setembro do ano passado um memorando de entendimento com a russa Rosatom para desenvolver cooperação em muitas áreas de operação e manutenção de usinas nucleares, incluindo novas construções e construção de Angra 3. O Brasil já anunciou planos para adicionar energia nuclear em pelo menos duas ocasiões desde 2009, embora nada tenha se concretizado apesar das negociações com grandes players globais, como Westinghouse , China National Nuclear Corp., Korea Electric Power Co., e Rosatom. Desta vez, porém, o país quer alavancar parcerias público-privadas por meio do Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (CPPI). Westinghouse também pode estar a bordo.
“Em todo o mundo, estamos vendo um aumento na demanda por energia, e o Brasil não é exceção”, disse Pam Cowan, presidente da unidade de Serviços de Plantas Operacionais das Américas da Westinghouse. Cowan disse POTÊNCIA, “Nações como o Brasil estão analisando com atenção como a energia nuclear pode ajudar a atender às suas crescentes necessidades energéticas. Nossos produtos e serviços estão ajudando as operadoras nucleares a fornecer energia confiável, alcançar independência energética e construir nosso futuro descarbonizado.”
A Westinghouse, que construiu Angra 1, atende ao programa nuclear do Brasil há mais de três décadas e tem presença ativa na América Latina e na América do Sul. A empresa disse que poderia fornecer ao Brasil várias tecnologias de energia nuclear, incluindo seu microrreator eVinci, pequenos reatores modulares e reator AP1000 para uma usina em escala de utilidade. “Estamos bem posicionados para apoiar todo o ciclo de vida nuclear – desde o projeto de novas usinas, manutenção e operação de usinas existentes e, finalmente, desativação e desativação”, disse Cowan.
A CPPI disse recentemente que viabilizar o investimento privado em novas infraestruturas energéticas “abrirá caminho para o desenvolvimento do setor energético brasileiro, motivando a criação de um ambiente atraente para investidores, revitalização dos recursos hídricos e redução estrutural dos custos de geração de energia”. Esse investimento privado, embora apoie a energia nuclear em escala de utilidade, também poderia apoiar a geração de energia distribuída como parte da estratégia energética do Brasil. “Soluções sem fio, como sistemas de gerenciamento de recursos energéticos distribuídos, ou DERMS, permitem que as operadoras tenham uma visão mais detalhada de como a energia está sendo usada em todo o sistema”, disse Bennett. “Muitas vezes, isso revela oportunidades para diminuir o estresse nos ativos, dando às concessionárias mais tempo para coordenar os esforços de fortalecimento do sistema de forma eficiente e econômica. Dando um passo adiante, os sistemas de gerenciamento de integridade de ativos permitem que as concessionárias avaliem a integridade de ativos críticos, como transformadores de transmissão e distribuição.”
O CPPI em nota afirma que “o Brasil precisa de uma Eletrobras forte, eficiente e competitiva, capaz de enfrentar os investimentos necessários para atender o aumento do consumo de energia elétrica. Nesse sentido, a capitalização é essencial para um futuro promissor, não só para a empresa, mas também para o setor elétrico como um todo. Para cumprir essa missão, a Eletrobras necessita de um volume substancial de recursos, que o governo federal não possui. A criação de um ambiente atraente para os investidores aumentará a competitividade do setor, o que, por sua vez, reduzirá os preços para a população.”
Dados do governo mostram que o Brasil tem 8,5 GW de capacidade de geração, abrangendo 243 usinas, programadas para entrar em operação este ano, embora os desenvolvedores tenham dito que alguns projetos provavelmente serão adiados devido à pandemia. Os dados mostram que 13,6 GW de capacidade de geração estão em construção, liderados por instalações de energia eólica e solar. Projetos que totalizam mais 42 GW de capacidade de geração, incluindo 26 GW de energia solar, estão em fase de desenvolvimento.
—Darrell Proctor é editor associado sênior da POWER (@POWERmagazine).
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