BRASÍLIA, Brasil – Depois de dois anos sem pertencer a um partido político, o presidente Jair Bolsonaro do Brasil fechou um acordo com o centrista Partido Liberal para apoiar sua candidatura à reeleição em 2022, de acordo com um comunicado do partido divulgado na quarta-feira.
A decisão ocorreu após um encontro entre Bolsonaro e o líder do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto, em Brasília, a capital, disse o comunicado. A inscrição formal do presidente nas fileiras do partido ocorrerá no dia 22 de novembro.
A adesão a um dos partidos que fazem parte do chamado grupo Centrao parece sinalizar que Bolsonaro, um populista de direita, está mudando o rumo de sua estratégia de campanha para 2018, quando criticou as práticas políticas da velha guarda do grupo.
Nas primeiras pesquisas antes da votação de outubro de 2022, Bolsonaro está atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o esquerdista que liderou o Brasil de 2003 a 2010.
O Partido Liberal, ou PL, é conhecido junto com outros partidos do Centro pela maleabilidade ideológica, muitas vezes trocando apoio para nomeações e compromissos governamentais. Bolsonaro foi filiado a esses partidos durante a maior parte de seus sete mandatos como legislador federal, mas se apresentou como um forasteiro político durante sua campanha presidencial de 2018. Ele jurou então não abraçar o comércio de cavalos que beneficiava atores entrincheirados e permitia a corrupção.
“É muito simbólico como o Bolsonaro começou a jogar o jogo tradicional da política brasileira”, disse Maurício Santoro, professor de ciências políticas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. “O PL está ajudando Bolsonaro a sobreviver.”
Quando Bolsonaro concorreu em 2018, foi sob a bandeira do Partido Social Liberal, que ele deixou um ano após sua vitória nas eleições em meio a desacordos com sua liderança sobre financiamento e nomeações regionais. Ele decidiu forjar seu próprio partido, mas não conseguiu angariar assinaturas suficientes e, desde então, está sem um lar político.
A assessoria de imprensa presidencial não respondeu a um pedido de comentário da Associated Press para confirmar a declaração do PL. Na quarta-feira, Bolsonaro disse em uma entrevista de rádio que havia uma “chance de 99,9 por cento” de ele ingressar no PL
Relatos de que Bolsonaro estava procurando um partido Centrao para patrocinar sua candidatura à reeleição já haviam gerado comentários de analistas de que ele estava se afastando de sua postura anti-establishment anterior. Como os rumores de seu acordo com o PL se intensificaram nesta semana, comentários criticando Costa Neto, o líder do partido, foram excluídos das contas de mídia social de alguns membros da família de Bolsonaro.
O próprio Bolsonaro havia dito anteriormente que Costa Neto era corrupto, observou Carlos Melo, analista político e professor da Universidade Insper de São Paulo. Em 2012, Costa Neto, então legislador, foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro em um vasto escândalo de compra de votos que quase derrubou o governo de Lula. Ele cumpriu pena na prisão.
No ano passado, Bolsonaro recorreu ao Centrao em busca de proteção política contra o aumento da pressão sobre seu governo, incluindo mais de 100 pedidos de impeachment, uma investigação do Senado sobre como lidar com a pandemia Covid-19 e sua popularidade em queda livre. Em agosto, ele nomeou um senador do Centro para ser seu chefe de gabinete.
“Se você tirar o Centrao, fica a esquerda”, disse o presidente a um pequeno meio conservador de notícias, o Jornal da Cidade Online, na terça-feira. “Então, para onde eu vou?”
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