Em uma das piores derrotas diplomáticas desde o início de seu governo, o presidente Jair Bolsonaro não foi colocado na lista provisória de quase 80 chefes de Estado e de governo que participarão neste fim de semana de uma cúpula do clima, organizada pela Organização das Nações Unidas (Reino Unido) , França, Reino Unido, Itália e Chile.
O Itamaraty ainda busca uma solução para a crise política e, extraoficialmente, a chancelaria continua apostando na inclusão do Brasil no evento. Para o governo, a situação não é definitiva e a esperança é que haja espaço para reversão.
O encontro virtual tem como objetivo marcar os cinco anos do Acordo de Paris. Mas os organizadores optaram por fazer do evento um marco dos compromissos governamentais e já se preparam para a cúpula de 2022 em Glasgow (Escócia). A condição para que um líder participe é que apresente metas novas e “ambiciosas” de redução de emissões ou preservação da floresta.
Se nada havia a anunciar, a recomendação era que o governo evitasse a participação.
O governo brasileiro, no meio da semana, apresentou suas metas de emissões para o ano de 2060 e apresentou seus planos à ONU. Os objetivos foram considerados inferiores ao que se esperava do Brasil. Entre os organizadores da cúpula, o entendimento era de que tais objetivos não eram suficientes para incluir o país na lista de participantes.
Na primeira lista de palestrantes divulgada nesta quinta-feira, os organizadores não incluíram o Brasil. A diplomacia nega que a ausência seja confirmada e indica que estará presente.
Estados Unidos e Rússia também estão fora da lista
Procurado, o Palácio do Planalto não se pronunciou e orientou a denúncia à busca do Itamaraty. Nos bastidores, a coluna apurou que o governo tenta convencer os organizadores de que as metas são reais e, portanto, o Brasil deve ser incluído.
A lista, porém, inclui algumas das principais economias do mundo: China, Europa, Japão, Canadá e Índia. Rússia e Estados Unidos não estão na lista preliminar.
Na América Latina, estão confirmados países como Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, Guatemala, Honduras, Panamá, Peru e Uruguai.
A posição de Bolsonaro sobre o ataque às nações conta na avaliação, dizem os negociadores
Nos últimos meses, Bolsonaro e seus ministros usaram reuniões internacionais para atacar países estrangeiros e raramente para apresentar projetos concretos sobre o que fez para impedir o desmatamento.
Tal postura, segundo negociadores da ONU, não será bem-vinda na próxima cúpula. O desmatamento no Brasil colocou o governo Jair Bolsonaro em uma saia justa sem precedentes e em uma encruzilhada internacional.
Em discurso recente nesta semana, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, enviou mensagens criptografadas para Brasília. “Vemos sinais preocupantes”, disse o português. “Alguns países estão usando a crise para desmantelar as proteções ambientais”, alertou. No primeiro semestre, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, indicou que o governo deve aproveitar o momento pandêmico para “passar o papo” na desregulamentação.
Guterres também chamou a atenção de países que estão “ampliando a exploração dos recursos naturais e desfazendo ambições climáticas”.
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