Bolsonaro do Brasil vai aderir ao partido de centro, em busca de reeleição

BRASÍLIA, Brasil (AP) – Depois de dois anos sem partido político, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, fechou um acordo com o centrista Partido Liberal para apoiar sua candidatura à reeleição em 2022, segundo nota do partido divulgada quarta-feira.

A decisão ocorreu após um encontro entre Bolsonaro e o líder do Partido Liberal Valdemar Costa Neto na capital Brasília, disse o comunicado. A inscrição formal do presidente nas fileiras do partido ocorrerá no dia 22 de novembro.

Bolsonaro pretende que a aliança o ajude na luta contra seu inimigo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Lula”, como Lula é conhecido universalmente, tem uma vantagem considerável sobre Bolsonaro nas primeiras pesquisas. A adesão a um dos partidos que fazem parte do chamado grupo Centrao também sinaliza uma mudança de rumo de Bolsonaro em sua estratégia de campanha para 2018, ao criticar duramente as práticas políticas da velha guarda.

“É muito simbólico como o Bolsonaro começou a jogar o jogo tradicional da política brasileira”, disse Maurício Santoro, professor de ciências políticas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. “O PL está ajudando o Bolsonaro a sobreviver”.

O Partido Liberal – conhecido por suas iniciais espanholas PL – e outros partidos do Centrao são conhecidos por sua maleabilidade ideológica e troca de apoio para nomeações e verbas governamentais. Bolsonaro foi filiado a esses partidos durante a maior parte de seus sete mandatos como legislador federal, mas se apresentou como um forasteiro político durante sua campanha presidencial de 2018. Ele jurou não abraçar o comércio de cavalos que beneficiava atores entrincheirados e permitia a corrupção.

Em vez disso, ele concorreu sob a bandeira do Partido Social Liberal, que deixou um ano após sua vitória nas eleições em meio a desacordos com a liderança do partido sobre o financiamento e as nomeações regionais. Ele decidiu forjar seu próprio partido, mas não conseguiu angariar assinaturas suficientes e, desde então, está sem um lar político.


Dois dos ministros de Bolsonaro disseram à Associated Press que a decisão do presidente de ingressar no PL foi influenciada por seus três filhos políticos, que acreditam que o partido concederá a seu pai autonomia suficiente para escolher aliados como candidatos a governadores e parlamentares nas eleições do próximo ano. Eles falaram sob condição de anonimato porque não estavam autorizados a falar publicamente.

A assessoria de imprensa do presidente não respondeu a um pedido de comentário da AP confirmando a declaração do PL, nem a justificativa do presidente para a decisão. No início da quarta-feira, Bolsonaro disse em uma entrevista de rádio que havia uma “chance de 99,9%” de ele ingressar no PL.

Relatos de que Bolsonaro estava procurando um partido do Centro para patrocinar sua candidatura à reeleição já haviam gerado comentários de analistas de que ele estava se afastando totalmente de sua posição anti-establishment anterior. Como os rumores de seu acordo com o PL se intensificaram nesta semana, uma série de comentários criticando o líder do partido Costa Neto foram excluídos dos perfis de mídia social de membros da família do Bolsonaro.

O próprio Bolsonaro disse que Costa Neto era corrupto e condenado, observou Carlos Melo, analista político e professor da Universidade Insper de São Paulo. Em 2012, Costa Neto, então legislador, foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro em um vasto escândalo de compra de votos que quase derrubou o governo Lula. Ele cumpriu pena na prisão.

“O Bolsonaro sempre foi filiado a um partido do Centrao, toda a sua carreira parlamentar”, disse Melo. “Ele se elegeu criticando o Centrao, o Partido dos Trabalhadores, a Social-Democracia Brasileira, dizendo que era um outsider. Foi uma estratégia para isso eleição.”

A adesão de Bolsonaro ao PL marcará a continuação de seu envolvimento com o Centro no ano passado. O presidente de extrema direita se voltou para o Centrao em busca de abrigo político contra o aumento da pressão sobre seu governo, incluindo mais de 100 pedidos de impeachment, uma investigação do Senado sobre como ele lidou com a pandemia COVID-19 e sua popularidade em queda. Em agosto, nomeou um senador do Centro para ser seu chefe de gabinete, selando sua reaproximação com os corretores do poder.

“Se você tirar o Centrao, fica a esquerda”, disse o presidente a um pequeno veículo conservador, o Jornal da Cidade Online, na terça-feira. “Então, para onde eu vou?”

____ Reportagem do repórter Jeantet da AP do Rio de Janeiro.

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