Barragem da Vale descomissionada no Brasil corre risco de colapso, diz entidade trabalhista

A descomissionada barragem do Xingu, da mineradora de minério de ferro Vale SA (VALE3.SA), está sob “risco iminente de rompimento”, segundo nota divulgada quarta-feira pelo Departamento Regional do Trabalho de Minas Gerais.

A barragem de rejeitos do Xingu, ou rejeito de mineração, no município de Mariana, já devastada pelo rompimento de uma barragem em 2015 que matou 19 pessoas, teve seu nível de risco elevado em outubro passado pela Agência Nacional de Minas. Embora a barragem do Xingu tenha parado de receber resíduos de mineração em 1998, a Vale ainda emprega trabalhadores para monitorar sua estabilidade antes de um procedimento de descomissionamento planejado.

Auditores do trabalho responsáveis ​​por ordenar o fechamento e evacuação do entorno disseram que um possível colapso no Xingu pode acontecer por meio de um processo conhecido como liquefação, no qual a água enfraquece os materiais sólidos que compõem uma barragem.

A liquefação foi apontada anteriormente como uma das principais causas do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho em 2019, que matou 270 pessoas.

A Vale divulgou na sexta-feira em um processo regulatório que interrompeu a produção na mina Timbopeba e parte da mina de Alegria depois que o Ministério Público ordenou a evacuação de uma área ao redor do Xingu, mas não mencionou o aviso dos auditores do trabalho. A empresa também disse que a barragem não estava em “risco iminente” de rompimento.

A Delegacia Regional do Trabalho informou em nota nesta quarta-feira que a área foi fechada após um pedido de documentos no dia 27 de abril e uma fiscalização no dia 20 de maio. A empresa terá que tomar diversas medidas técnicas para conseguir a permissão para reabrir a área.

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“Documentos apresentados pela Vale mostram que a barragem do Xingu não está estável (…), apresentando risco significativo de rompimento”, disse o grupo de vigilância. “A situação é extrema e coloca os trabalhadores em risco”.

Engenheiros e técnicos contaram aos auditores que os rejeitos do Xingu não foram drenados corretamente e foram depositados na barragem de forma descontrolada.

“É possível que haja mais material granular depositado junto com camadas de material fino (não drenante)”, acrescentou o comunicado, aumentando a pressão sobre a barragem em alguns locais de forma semelhante às condições de Brumadinho.

A Vale pediu no dia 27 de maio a reabertura da área, mas o pedido foi negado.

Respondendo a um pedido de comentários da Reuters, a Vale mais uma vez negou o risco iminente de rompimento da barragem, dizendo que ela foi classificada como nível de emergência 2, acrescentando que a barragem é “continuamente monitorada” pela empresa.

Mas a Vale disse que cumpriu a determinação do Ministério do Trabalho de evacuar a área e disse que está tomando as medidas acordadas com a secretaria para garantir a segurança dos trabalhadores e a retomada das atividades.

A Agência Nacional de Mineração informou que solicitou mudanças na estrutura do Xingu no ano passado, após elevar seu nível de risco após uma auditoria.

“A Vale cumpriu algumas alterações e pediu diferimento para cumprir as demais”, disse a agência, acrescentando que está a seguir o encerramento que cumpriu a legislação laboral.

A Secretaria de Meio Ambiente de Minas Gerais informou que identificou problemas na barragem do Xingu no ano passado e o nível de emergência foi elevado para 2. Considerando que a estabilidade da barragem “não está garantida”, a secretaria proibiu o lançamento de novos resíduos na estrutura.

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