O quanto um treinador é capaz de interferir no desempenho de uma equipe em pouco mais de 24 horas de trabalho? O Rogério Ceni mostrou muito isso. Mesmo que fosse necessário reabrir uma gaveta de boas lembranças na mente dos jogadores do Flamengo.
Flamengo x São Paulo – Copa do Brasil – Foto: André Durão
O resultado da estreia do novo comandante é frustrante – ainda mais devido às circunstâncias. Mas o time que vai ao Morumbi na próxima quarta-feira para tentar reverter o São Paulo por 2 a 1 nas quartas de final da Copa do Brasil flertou com o passado vitorioso, o que basta para aumentar as esperanças do torcedor.
Em entrevista coletiva, Rogério Ceni despojou-se da vaidade e admitiu: imitou o Flamengo de Jorge Jesus com dicas de seu trabalho em Fortaleza para apresentar uma nova cara após o trabalho frustrante e apático de Domènec Torrent. Funcionou como uma performance.
Perguntei ao Rogério se aproveitar o modelo do Jorge Jesus era uma forma de a equipe mudar tanto em 24 horas. Ele concordou: “Acho que é como eles gostam mais de jogar, como se sentem mais à vontade (…) Voltamos à metodologia que vejo é um sucesso no Flamengo” #gefla pic.twitter.com/t60dQ4NfGe
Você se lembra daqueles termos que o torcedor se acostumou a repetir em 2019: linha alta, time compacto, intensidade e mobilidade? O Flamengo teve tudo no duelo do Maracanã. Era outro time.
E os números ajudam a apresentar uma equipe mais intensa, vertical e, acima de tudo, segura. O Flamengo fechou o primeiro tempo sem permitir que o São Paulo chegasse a finalizar o gol de Diego Alves. O antídoto para a frágil equipe de dias atrás fez efeito.
Números do Flamengo x São Paulo
- Posse de bola: 50% x 50%
- Acabamento: 12 x 4
- Chutes a gol: 6 x 3
- Grandes chances: 3 x 2
- Passes trocados: 438 x 426
- Faltas cometidas: 10 x 15
- Escanteio: 7 x 4
Aos 90 minutos, foram 12 finalizações contra 4, igualdade na posse de bola, mas com mais passes trocados (438 x 426) e futebol imponente na maior parte do confronto. O erro grosseiro de Hugo puniu uma equipe que fez mais para vencer.
Melhores momentos: Flamengo 1 x 2 São Paulo nas quartas de final da Copa do Brasil
Com linhas fechadas e altas, o Flamengo aproveitou o espaço de um São Paulo que pecou na saída da bola. Mudar de posição após um trabalho de 100 dias, entretanto, tem um preço. Gustavo Henrique demorou a ler o passe de Gabriel Sara, recuou e deu o primeiro gol a Brener.
Em geral, entretanto, a defesa rubro-negra se saiu bem. Gustavo Henrique e Léo Pereira pareciam confortáveis e mais protegidos.
Do meio para a frente, um posicionamento do Flamengo versão 2019 e com claras sinalizações de Rogério Ceni nas disputas por posição. Arão, Gerson e Maia lutam por duas vagas, além de Gabriel, Pedro e Bruno Henrique.
Gabigol joga na saída de Volpi – Foto: André Durão
Michael e Vitinho foram escolhas que surpreenderam e funcionaram como meias abertas que se infiltram. Mas é claro que Ribeiro e Arrascaeta serão intocáveis sempre que estiverem em condições no esquema do ex-goleiro.
A mobilidade característica da equipe de Jesus e a liberdade para os dois atacantes falarem sem tanta atribuição defensiva também foi perceptível. Gabigol e Bruno Henrique até comemoraram a festa da fusão: passe de um, gol de outro.
A derrota com gol no final e o fracasso do xodó caiu como uma tempestade para o torcedor do Flamengo. A previsão, no entanto, parece boa para o futuro próximo.
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