Dos mais de 20 mil desocupados em Roraima (11,2% da população), cerca de 25% são de jovens entre 18 e 24 anos. A realidade é crítica, mas pode ser ainda pior, segundo a coordenadora técnica da Federação das Indústrias do Estado de Roraima (FIER), Karen Aline Telles Zouein. O estado acumula aproximadamente 30 mil refugiados da Venezuela, que também procuram por uma vaga de emprego. “Vimos que o estado não tem condições de acolher nem os 11,2% que existem daqui, de brasileiros, tampouco de absorver toda essa demanda de pessoas oriundas da Venezuela que vem buscar uma oportunidade”, observa.
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Quando essa massa de desocupados é segregada, o cenário é ainda mais preocupante. A maioria das pessoas sem emprego tem até 30 anos. Especificamente entre a população de Roraima, os jovens na faixa etária de 14 a 24 anos representam mais de 45% do total de desocupados.
“Percebe que a educação, a qualificação e a profissionalização têm papel fundamental nesse processo. Não são os únicos fatores, porque precisa ter, de fato, demanda de vagas, empresas com capacidade de contratar, mas hoje vivemos um desafio de preparar para o mercado de trabalho, que já necessita de profissionais com nível maior de formação e qualificação, e também preparar esses jovens para novas profissões que vão surgir nos próximos anos”, pondera Karen.
Mudar a matriz educacional do país, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), será um desafio, proposto pelo setor produtivo como agenda para os presidenciáveis nos próximos quatro anos; e um meio para reverter o cenário da desocupação em Roraima e no restante do país.
A reestruturação – e implantação – do novo Ensino Médio é uma das apostas do setor produtivo para melhorar a engrenagem educação, qualificação e empregabilidade. “A visão nossa, da Confederação Nacional da Indústria, vai muito nessa direção de estabelecer uma agenda que seja importante para a realidade brasileira, para os problemas que nós temos hoje de juventude no país. Nós temos um grande contingente de jovens que são vítimas exatamente dessa baixa capacidade de diálogo entre o nosso modelo educacional e as opções e projetos de vida dos jovens que passam pela escola, afirma o diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Rafael Lucchesi.
Saiba +
Os venezuelanos fogem do país gravemente afetado por uma crise econômica e política, iniciada em 2013. Não há emprego no país, o preço das mercadorias está nas alturas devido a inflação. Após conflito entre moradores e imigrantes este mês, o presidente Michel Temer falou em orientar o estado a usar senhas para limitar a entrada de venezuelanos.
Reportagem: Camila Costa / Agência do Rádio Mais