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Alto valor cobrado por planos de saúde afeta vida dos trabalhadores

26 de agosto de 2018
Muitos brasileiros optam por aderir aos planos de saúde. E os motivos são variados. Seja por não receber um atendimento adequado na rede pública de saúde ou por pela segurança no caso de alguma emergência. Pouco mais de 22% da população brasileira é beneficiária de planos privados de saúde.
Segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), em junho deste ano, mais de 47 milhões de brasileiros faziam parte dos quadros de algum plano de saúde de assistência médica. O número é aproximadamente 14% superior ao número de pessoas que tinham plano de saúde no fim de 2008, quando 41 milhões brasileiros eram beneficiários de algum plano particular. Aumento no número de adesões, aumento nos gastos das empresas que oferecem esse serviço.
Segundo dados da ANS, os gastos dos planos de saúde para contraprestações para seus contratantes em 2008 foram de R$ 60,4 bilhões. Em 2017, esse valor praticamente triplicou. O gasto registrado foi de R$ 179 bilhões. E a tendência é que o valor seja ainda maior em 2018. No primeiro trimestre deste ano, o gasto foi de R$ 45,6 bilhões. Se a média continuar assim até o fim do ano, a previsão de gastos é superior a R$ 182 bilhões.
Tipos de planos de saúde
Existem duas maneiras de adesão aos planos de saúde. Se você contratar o seu plano de saúde diretamente com a operadora que vende planos, o seu plano de saúde é do grupo dos planos individuais ou familiares. Existem também os planos de saúde coletivos, que são divididos em dois grupos: os empresariais, que prestam assistência aos funcionários da empresa contratante devido ao vínculo empregatício ou estatutário e os coletivos por adesão, que são contratados por pessoas jurídicas de caráter profissional, classista ou setorial, como conselhos, sindicatos e associações profissionais.
Segundo a ANS, os planos coletivos representam 80% do total de adesões até o mês de junho deste ano, sendo que 31 milhões, ou 66% dos mais de 47 milhões de beneficiários possuíam planos empresariais. Ou seja, os planos de saúde oferecidos por empresas são responsáveis por cerca de 2/3 do total de adesões. O Gerente Executivo de Saúde e Segurança na Indústria do SESI, Emmanuel Lacerda, destaca a importância desse benefício e se mostra preocupado com os aumentos dos valores cobrados.
“É importante destacar o peso da indústria na contratação desses planos no setor da saúde suplementar. Hoje, no Brasil, a indústria tem um peso muito grande na contratação nessas linhas da saúde suplementar e, de fato, tem ficado muito preocupadas com alguns aspectos que impactam o aumento dos custos do setor”, afirma.
O reajuste de planos de saúde coletivos não é regulado pela ANS, que entende que as pessoas jurídicas possuem maior poder de negociação junto às operadoras e, portanto, não seria necessária a sua intervenção. Nesse tipo de contrato, as operadoras podem fixar o aumento livremente, desde que seja uma vez a cada 12 meses e que o critério de reajuste esteja claramente previsto no contrato. O que acontece é que, em muitas vezes, os aumentos propostos pelos planos de saúde são abusivos. E isso é repassado aos empresários, que gastam cada vez mais por um serviço que geralmente não satisfaz os usuários.

Custos
De acordo com o caderno temático voltado para a área da saúde apresentado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) aos candidatos à Presidência da República nas eleições deste ano e ao Congresso Nacional, os custos da saúde suplementar no Brasil têm aumentado por quatro principais motivos.
O primeiro deles é a deficiência na assistência preventiva, que aumenta os casos de complicações e atendimentos emergenciais, onde geralmente os atendimentos são mais complexos e caros do que em situações preventivas. Uma prova disso é o aumento no número de internações realizadas pelos planos de saúde entre os anos de 2016 e 2017. Segundo a ANS, foram mais de cem mil internações a mais. Em 2016, 7.833.282 internações foram intermediadas pelos planos de saúde. Em 2017, foram registradas 7.977.131 internações.
Na opinião do diretor do Centro de Performance Humana, Ricardo de Marchi, a população deve ser educada para aderir aos métodos preventivos: “A prevenção deveria ser um pouco mais forte. Não falta consciência, falta educação. Então prevenir é como prevenir acidentes. Você tem que educar o sujeito a dirigir. É a mesma coisa. Se você dá um carro a um sujeito e ele não tem ideia de como dirigir, ele vai bater em dez outros. Prevenção de acidentes é educar o cara, não é ter oficina pra consertar o carro. O que a gente faz é o contrário. Para cada cem reais gastos, 100% do dinheiro gasto em atenção à saúde ou doença, a prevenção não recebe mais do que 5%. É pouco, muito pouco. E a população precisa disso, de prevenção”, defende.
Por: Paulo Henrique Gomes

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