O apresentador Luciano Huck manteve sua decisão de não concorrer à Presidência este ano, como já havia dito em artigo publicado na Folha em novembro.
Ele deve fazer o anúncio formal nesta sexta (16). A manutenção da desistência foi adiantada pelo site "O Antagonista" na tarde desta quinta (15) e confirmada por sua assessoria.
Nas últimas semanas, a condenação por corrupção em segunda instância e virtual inelegibilidade de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recolocou o nome do apresentador da Rede Globo no jogo. A análise de números de perfil do eleitor permitia antever que boa parte de quem vota no petista poderia ser abocanhada por Huck.
Além disso, o fraco desempenho e os diversos problemas de largada na pré-campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) animou aliados do tucano a especular mais firmemente sobre o apoio a Huck. As conversas chegaram ao DEM, que depois fez questão de negar e defender candidatura própria, e ao PSD de Gilberto Kassab.
Antes do Carnaval, ele havia feito uma nova rodada de conversas com seus conselheiros, em especial o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que é o mentor intelectual da hipótese Huck. FHC ponderou sobre as dificuldades da campanha, mas manteve o estímulo ao apresentador se lançar.
O ex-presidente foi duramente criticado por setores de seu partido que viram no apoio uma constatação de pouca viabilidade eleitoral do governador paulista, que ainda enfrentará prévias com o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio.
Pressionado pela Rede Globo a se definir, já que a emissora teme a já corrente associação entre uma candidatura do apresentador e seu nome, Huck prometera dar uma resposta depois do feriado.
Segundo interlocutores do apresentador, a Globo foi central para a tomada de decisão. No horizonte próximo de Huck está o espaço hoje ocupado aos domingos por Fausto Silva, o maior salário de TV aberta brasileiro. Além disso, uma eventual candidatura iria obrigar a mulher de Huck, a apresentadora Angélica, a também deixar de ter vínculos com a emissora.
Além da questão da perda de fontes de renda, pesou na decisão o óbvio escrutínio a que Huck seria submetido na campanha. No feriado, emergiu o fato de que ele usou uma linha do BNDES para comprar seu jatinho em 2013, caso em que não havia irregularidade formal apontada.
O que deixava seus aliados mais preocupados, contudo, era a associação de Huck com o empresário Alexandre Accioly, amigo íntimo e ex-sócio dele em uma rede de academias. Accioly, muito próximo do senador Aécio Neves (PSDB-MG), já é investigado pela Operação Lava Jato no Rio de Janeiro.
Fonte: Folha de S.Paulo